Revista Ação Ergonômica
https://revistaacaoergonomica.org/article/doi/10.17648/rea.v13i2.34
Revista Ação Ergonômica
Artigo de Pesquisa

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO: IMPACTO NO ESTRESSE DOS ENFERMEIROS DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

WORK ORGANIZATION: IMPACT ON STRESS LEVELS OF NURSES IN A UNIVERSITY HOSPITAL

Marcio Alves Marçal, Ana Clara Silva Carvalho, Tatiane Luana A. Soares, Juliana Pereira Silva

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Resumo

A enfermagem hospitalar possui elevadas cargas de trabalho evidenciadas por um grupo de estressores organizacionais intrínsecos à natureza laboral, que com frequência estão relacionados às doenças ocupacionais. O objetivo deste estudo é avaliar o impacto da organização do trabalho no nível de estresse dos enfermeiros que trabalham nos setores de internação da Clínica Médica e Clinica Cirúrgicade um Hospital Universitário. A população deste estudo foi constituída por 65 enfermeiros que responderam questionários: Perfil Sociodemográfico, Laboral e Clínico; Inventário de Estresse em Enfermeiros e a versão brasileira reduzida do “Job Content Questionnaire”. O teste Qui Quadrado para estresse e turno de trabalho não foi significativo (P > 0,05), no qual o nível de estresse estava presente nos dois turnos. Quando se compara estresse e o vínculo de trabalho, a diferença foi significativa com P = 0,02, sendo que os funcionários estatutários possuíam alto nível de estresse em comparação com os celetistas. A dor músculo esquelética apresentou uma associação significativa (P < 0,001) com a presença de estresse. Os resultados da análise da demanda e do controle aos quais os enfermeiros estão submetidos nas suas atividades mostram 28% com baixo desgaste, 21% trabalho ativo, 36% trabalho passivo e 15% alto desgaste. Quando analisamos os fatores de risco organizacionais que apresentaram diferença estatística significativa no teste Qui Quadrado com p < 0,05, eles foram: infraestrutura precária, falta de material necessário ao trabalho, trabalhar em ambiente insalubre, falta de recursos humanos; trabalhar com pessoas despreparadas; sentir-se impotente diante das tarefas a serem realizadas; sentir desgaste emocional com o trabalho. Pode-se concluir que a prevalência do estresse relacionado ao trabalho no grupo estudado está presente na maioria do enfermeiros. A análise do modelo demanda-controle de Karasek revela que a maioria da população está concentrada nos quadrantes de risco à saúde, alto desgaste e trabalho passivo. Diante disso, sugere-se que os fatores estressores baseados nas queixas dos profissionais aqui descritos sejam avaliados pelos gestores, para que eles sejam sensibilizados e, assim, busquem ações que amenizem o estresse dos profissionais de enfermagem para que estes exerçam seu trabalho com eficiência, prazer e dignidade.

Palavras-chave

Organização do Trabalho, Estresse, Enfermagem, Ergonomia.

Abstract

Hospital nursing has high workloads evidenced by a group of organizational stressors intrinsic to the nature of the work, which are often related to occupational diseases. The objective of this study is to evaluate the impact of work organization on the level of stress of nurses working in the Clinical and Surgical Clinic of a University Hospital. The study population consisted of 65 nurses who answered the questionnaires: Sociodemographic, occupational and clinical profile; Nursing Stress Inventory and the reduced Brazilian version of the Job Content Questionnaire. The Chi-square test for stress and work shift was not significant (P> 0.05) where the stress level was present in the two shifts. When comparing stress and the employment contract, the difference was significant with P = 0.02, with statutory employees having a high level of stress in comparison with the contractors. Skeletal muscle pain had a significant association (P < 0.001) with the presence of stress. The results of the analysis of the demand and the control to which the nurses are submitted in their activities show 28% with low wear, 21% active work, 36% passive work and 15% high wear. When analyzing organizational risk factors that presented a significant statistical difference in the Chi-square test with p < 0.05, they were: poor infrastructure, lack of material needed for work, working in an unhealthy environment, lack of human resources; working with unprepared people; feeling powerless about the tasks to be performed; feeling emotional wear with work. It can be concluded that the prevalence of work-related stress in the studied group is present in most nurses. Karasek's demand-control model analysis reveals that the majority of the population is concentrated in the quadrants of health risk, high wear and passive work. Therefore, it is suggested that the stressors based on the complaints of the professionals described herein be evaluated by the managers, so that they are sensitized and thus seek actions that ameliorate the stress of the nursing professionals, so that they exercise their work with efficiency, pleasure and dignity.

Translated version DOI: https://doi.org/10.4322/rea.v13i2.34.en

Keywords

Organization of Work, Stress, Nursing, Ergonomics.

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