ANÁLISE DA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE ERGONOMIA DOS CURSOS DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ANALYSIS OF THE TRAINING OF ERGONOMICS TEACHERS ON PRODUCTION ENGINEERING COURSES
ANÁLISIS DE LA FORMACIÓN DE LOS PROFESORES DE ERGONOMÍA EN LOS CURSOS DE INGENIERÍA DE PRODUCCIÓN
Italo Rodeghiero Neto, Lucas Gomes Miranda Bispo, Lara Karine Dias Silva, Marcos Roberto Gonçalves, Fernando Gonçalves Amaral
Resumo
A formação de professores para o ensino superior é uma tarefa desafiadora, demandando além do conhecimento da disciplina, habilidades didáticas e uma relação efetiva com os alunos. No entanto, a preparação para essa profissão muitas vezes é deficiente, já que a maioria dos cursos universitários não oferece disciplinas específicas de licenciatura e didática. Essa lacuna se reflete na pós-graduação, onde o aprofundamento em práticas de ensino é escasso. Isso é particularmente problemático em áreas interdisciplinares, como a ergonomia, onde os professores podem não estar familiarizados com os conhecimentos essenciais da área. A falta de diretrizes claras para a formação de professores de ergonomia leva a uma reprodução limitada do conhecimento acadêmico prévio. A Associação Brasileira de Ergonomia e a Associação Internacional de Ergonomia buscam padronizar o conhecimento e as habilidades necessárias para os ergonomistas. No entanto, a certificação na área ainda não é um requisito para o ensino. Além disso, a formação de professores em ergonomia muitas vezes não é específica ou abrangente o suficiente, pois os cursos de graduação em disciplinas correlatas podem não fornecer uma base sólida. A falta de preparo dos professores pode resultar em uma abordagem negligente à ergonomia, especialmente em áreas como a engenharia de produção, onde o foco na produtividade muitas vezes obscurece a importância do bem-estar do trabalhador. Para investigar essa questão, foi realizada uma pesquisa qualitativo-quantitativa para analisar a formação dos professores de ergonomia no Brasil. Foram consideradas as formações em diferentes níveis acadêmicos e áreas de conhecimento dos professores, bem como a distribuição geográfica dos cursos de engenharia de produção que oferecem disciplinas de ergonomia. Os resultados destacaram a necessidade de melhorias na formação e no reconhecimento da importância da ergonomia no ensino superior.
Palavras-chave
Abstract
Training teachers for higher education is a challenging task, demanding in addition to knowledge of the subject, teaching skills and an effective relationship with students. However, preparation for this profession is often deficient, as most university courses do not offer specific teaching and teaching subjects. This gap is reflected in postgraduate studies, where in-depth knowledge of teaching practices is scarce. This is particularly problematic in interdisciplinary areas, such as ergonomics, where teachers may not be familiar with essential knowledge in the field. The lack of clear guidelines for the training of ergonomics teachers leads to a limited reproduction of prior academic knowledge. The Brazilian Ergonomics Association and the International Ergonomics Association seek to standardize the knowledge and skills necessary for ergonomists. However, certification in the field is not yet a requirement for teaching. Furthermore, teacher training in ergonomics is often not specific or comprehensive enough, as undergraduate courses in related disciplines may not provide a solid foundation. A lack of teacher preparation can result in a negligent approach to ergonomics, especially in areas such as production engineering, where the focus on productivity often obscures the importance of worker well-being. To investigate this issue, a qualitative-quantitative research was carried out to analyze the training of ergonomics teachers in Brazil. Teachers' training at different academic levels and areas of knowledge were considered, as well as the geographic distribution of production engineering courses that offer ergonomics subjects. The results highlighted the need for improvements in training and recognition of the importance of ergonomics in higher education.
Translated version DOI: https://doi.org/10.4322/rae.v16n2.e202208.en
Keywords
Resumen
La formación de docentes para la educación superior es una tarea desafiante, que exige no solo conocimientos de la disciplina, sino también habilidades didácticas y una relación efectiva con los estudiantes. Sin embargo, la preparación para esta profesión suele ser deficiente, ya que la mayoría de los cursos universitarios no ofrecen asignaturas específicas de licenciatura y didácticas. Esta brecha se refleja en los estudios de posgrado, donde la profundización en las prácticas docentes es escasa. Esto es particularmente problemático en áreas interdisciplinarias como la ergonomía, donde los profesores pueden no estar familiarizados con los conocimientos esenciales del campo. La falta de directrices claras para la formación de los profesores de ergonomía conduce a una reproducción limitada de los conocimientos académicos previos. La Asociación Brasileña de Ergonomía y la Asociación Internacional de Ergonomía buscan estandarizar los conocimientos y habilidades necesarios para los ergonomistas. Sin embargo, la certificación en el campo aún no es un requisito para la enseñanza. Además, la formación del profesorado en ergonomía a menudo no es lo suficientemente específica o completa, ya que los cursos de pregrado en disciplinas relacionadas pueden no proporcionar una base sólida. La falta de preparación de los docentes puede dar lugar a un enfoque laxo de la ergonomía, especialmente en áreas como la ingeniería de producción, donde el enfoque en la productividad a menudo oscurece la importancia del bienestar de los trabajadores. Para investigar esta cuestión, se realizó una investigación cualitativa-cuantitativa para analizar la formación de profesores de ergonomía en Brasil. Se consideró la formación en diferentes niveles académicos y áreas de conocimiento de los profesores, así como la distribución geográfica de los cursos de ingeniería de producción que ofrecen disciplinas de ergonomía. Los resultados pusieron de manifiesto la necesidad de mejorar la formación y 2 reconocer la importancia de la ergonomía en la educación superior. Palabras clave: Formación docente; Educación en Ingeniería; Factores Humanos; Currículo.
DOI de la versión traducida: https://doi.org/10.4322/rae.v16n2.e202208.es
Palabras clave
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